Tempo seco, temperaturas baixas e menos atividades ao ar livre. Este é o quadro básico para que as doenças de inverno sejam disseminadas, principalmente aquelas de transmissão por vias respiratórias, processos alérgicos e infecções (coqueluche, difteria, caxumba, meningites bacterianas, pneumonia e gripe), além de mucosas ressecadas e mecanismo de defesa reduzido.
A Dra. Silvia Nunes Szente Fonseca, infectologista do Grupo São Francisco, de Ribeirão Preto, indica medidas simples e eficientes para que mães e pais estejam atentos e tenham cuidados especiais nesta época do ano com os seus bebês. Segundo ela, as mãos merecem destaque, já que “os vírus e as bactérias presentes no nariz, na boca e na garganta da maioria das infecções podem facilmente se deslocar para as mãos (ao tossir, espirrar e assoar o nariz), que passam a carregar os agentes infecciosos e podem transmiti-los para outras pessoas ou até mesmo objetos”, ensina. Por isso, é importante seguir as recomendações:
-Lavar as mãos com água e sabonete ou usar álcool gel;
-Evitar lugares aglomerados, manter o ambiente ventilado e optar por passeios ao ar livre;
-Usar máscara em visitas a bebês de menos de 6 meses, evitar beijos e passar de colo em colo;
-Usar lenço descartável ou o braço/antebraço interno como barreira para tosse ou espirro;
-Manter uma dieta equilibrada e variada, com frutas e legumes da estação;
-Manter a carteirinha de vacinação da criança (de 6 meses a 5 anos) em dia.
Silvia lembra que “ao menor sinal de complicações, como respiração ofegante ou rápida, batimento de asas do nariz, boquinha roxa, febre muito alta com prostração e recusa alimentar ou de água, é preciso procurar ajuda médica”. E ressalta ainda a importância do leite materno exclusivo do nascimento até os 6 meses de vida e complementar até os 2 anos ou mais. “O leite materno, além de rico nutricionalmente, contém anticorpos que protegem a criança de muitas infecções durante todo o ano”.
Para o Dr. Felipe Lora, pediatra do Hospital Sabará, de São Paulo, “quanto mais jovem o bebê, mais imaturo seu sistema imunológico e mais vulnerável ele estará aos riscos. Portanto, recomenda-se atenção especial, pois se tiverem febre podem precisar de exames mais invasivos para o diagnóstico”, aponta.
Confira a seguir os cuidados práticos que os pais devem ter em diferentes situações, segundo a Dra. Teresa Uras, pediatra do Hospital Samaritano, de São Paulo:
No banho
Antes de levar o pequeno para a banheira ou para debaixo do chuveiro, é importante organizar tudo o que será usado para que os itens estejam à mão. Manter o ambiente entre 23 e 26 graus, para evitar que a temperatura corpórea do bebê baixe durante o banho. O cuidado com a água é essencial para que não machuque o bebê, além de evitar banhos muito quentes, demorados e sem retirar adequadamente os resíduos de sabão, o que pode ressecar a pele e levar às dermatites. A dica é testar a temperatura da água na mão (entre o polegar e o indicador, região sensível que se assemelha à pele do bebê).
Na escolha das roupas
A pele do bebê é muito delicada, por isso é importante que suas roupinhas sejam lavadas com sabão de coco, sem amaciante. Observe os tecidos e as camadas de roupa na hora de vestir o bebê: os bodies devem ser, preferencialmente, de malha macia e sem botões, para que não machuque, seguido por um macacão de plush, um casaquinho de lã e uma manta leve para que aqueça sem dificultar o manuseio. Evite agasalhar em excesso! A criança deve estar confortável, sem vermelhidão facial ou suada quando em repouso – neste caso, retire uma camada de roupa e mensure a temperatura em 30 minutos. Também é importante aquecer as extremidades (mãos, pés e cabeça), que perdem bastante calor.
Na hora de dormir
Preparar o bebê para dormir é um ritual: ele deve estar confortável num ambiente tranquilo e seguro. Os pequenos também devem estar bem agasalhados, pois tendem a se descobrir durante a noite, e com um cobertor adequado, sem protetores de berço e acessórios em exagero. Em caso de suor excessivo, troque a roupinha. Mantenha a temperatura entre 23 e 26 graus e evite aquecedores, que diminuem a umidade relativa do ar. Os especialistas também não recomendam que os pais coloquem os filhotes para dormir na mesma cama que eles, pois pode aumentar os riscos de morte súbita por sufocamento.
No berçário ou escolinha
Crianças que frequentam a escola são as que mais adoecem, porque as doenças de inverno são essencialmente de contato. Por isso, é importante a prevenção com vacinas, manter uma dieta adequada, ter cuidado com a higiene das mãos (para manipular as crianças), do ambiente e dos brinquedos para evitar a disseminação de infecções. Se o bebê estiver doente ou com febre, deve permanecer em casa, protegendo os demais e colaborando com sua própria saúde, para ter uma cura mais rápida, sem complicações. Solicite que os ambientes sejam arejados, com janelas mais altas que possam ser abertas durante o uso da sala sem que os pequenos sofram com o frio.
Nos cuidados com a pele
Para manter o bebê aquecido e com a pele sem ressecamentos, é importante observar a temperatura dos banhos – e que eles não sejam muito prolongados. Se o seu filho ainda usa fraldas, não utilize lenços umedecidos, prefira lavar com água e sabão. Produtos hidratantes só com orientação médica. Se houver áreas com irritação, leve o pequeno ao pediatra. Além disso, no inverno, o mecanismo de sede fica reduzido, por isso é necessário hidratar bem o bebê, oferecendo bastante água e proporcionando uma alimentação saudável.
Fonte: https://bebe.abril.com.br/saude/cuidados-que-os-pais-devem-ter-com-os-bebes-no-inverno/