O contato afetivo com alguém envolve uma “explosão” de hormônios causadores das sensações de prazer e felicidade. Além disso, amar e ser amado nos faz mudar a rotina para melhor. Ficamos mais preocupados em manter uma boa aparência, comemos melhor, e tendemos a ver o mundo de uma maneira mais positiva, explica o psiquiatra Alexandre Saadeh, especialista em sexualidade do IPq (Instituto de Psiquiatra da USP).
- Quando você tem vínculo com quem te completa, há um estímulo que faz você se relacionar melhor com o mundo. Isso diminui a ansiedade e o risco de depressão.
Essa “química da paixão” é responsável pelos sintomas tão comuns aos apaixonados: taquicardia, suor e aquela sensação de calor no rosto quando se vê, ouve ou sente o cheiro de quem se gosta. Tudo devidamente coordenado pelo cérebro, responsável pela liberação da adrenalina e noradrenalina, serotonina e ocitocina, hormônios do “circuito de recompensa”, de acordo com a neurologista Sonia Buck, da Academia Brasileira de Neurologia.
- É o mesmo circuito alimentado por qualquer coisa que te dá prazer, seja um chocolate, sexo ou uma droga. Ele te mantém interessado naquele objeto ou pessoa que te dá uma sensação diferente. Mas esse desejo vai diminuindo com o tempo. Em média dura seis meses.
Paixão x amor
Quer dizer que bastam alguns meses para acabar o lado bom da relação? Nada disso. O fim da paixão, além de não ser algo medido com precisão cirúrgica, costuma dar lugar ao afeto, que também ativa os hormônios do bem-estar, em especial os sexuais. O corpo responde à paixão como uma “fissura”, que diminui com o tempo, ao passo que o amor perdura a sensação de aconchego, afirma o endocrinologista João César Castro Soares, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
- Se você tem uma pessoa que te dá alegria, você libera mais serotonina, produz mais os hormônios sexuais [testosterona, estrogênio e ocitocina] no momento da excitação, e tem todo um bem-estar. Ao contrário dos solitários, que tendem a ter níveis mais baixos de serotonina e, por isso, uma imunidade mais baixa.
Melhor só do que mal acompanhado?
Não ter um companheiro, no entanto, não é sinônimo de tristeza, já que muitos solteiros redirecionam o foco em amigos, família e religião, e se sentem felizes com isso, ressalta Soares. Entretanto, o endocrinologista usa a ciência para mostrar o quanto a vida a dois pode ser mais prazerosa, por exemplo.
- Casados têm uma sobrevida maior e o índice de doenças é menor do que entre os solteiros, separados e viúvos. Já a promiscuidade pode expor a várias doenças sexuais.
O psiquiatra Alexandre Saadeh tem uma opinião diferente. Segundo o terapeuta sexual, o lado bom do relacionamento existe “desde que haja preocupação em ser o melhor possível para os dois”, caso contrário as reações biológicas tendem a ser contrárias e fazer muito mal à saúde.
- Pode ser pior do que estar sozinho se você vive um relacionamento destrutivo, com base na competição, porque você passa por estresse e ansiedade que vão te consumindo. E também pode levar à depressão.
Fonte: R7